Atividades com Blocos Lógicos
Os Blocos Lógicos são um conjunto
de peças geométricas divididas em quatro atributos e tem por finalidade
auxiliar na aprendizagem de crianças à partir da Educação Infantil. É um material
eficiente para que as crianças exercitem a lógica e evoluam, de forma
gradativa, no raciocínio abstrato. Segundo Piaget (1896-1980), a aprendizagem da Matemática
envolve o conhecimento físico e o lógico-matemático. No caso dos blocos,
o conhecimento físico ocorre quando o aluno manuseia, observa e
identifica os atributos de cada peça. O lógico-matemático se dá quando ela usa esses atributos sem ter o material em mãos (raciocínio abstrato).
Um material extraordinário para
estimular na criança, a análise, o raciocínio e o julgamento, partindo da ação, para então
desenvolver a linguagem.
Os blocos lógicos são compostos de
48 peças divididas em 4 atributos:
1. forma: círculos,
quadrados, triângulos e retângulos
2. cor: amarelo,
azul e vermelho
3. tamanho:
grande e pequeno
4. espessura:
fino e grosso
Essas pequenas peças geométricas foram criadas
na década de 50 pelo matemático húngaro Zoltan Paul Dienes.
Os objetivos dos blocos lógicos prendem-se em:
- Desenvolver o pensamento lógico e matemático;
- Abstração;
- Conhecimento das figuras geométricas;
- Desenvolver o conhecimento dos atributos e dos critérios de cada peça dos blocos lógicos;
- Desenvolver a imaginação e espírito crítico, dependo do contexto de jogo sugerido para a criança desenvolver;
- Material de multidisciplinaridade, dependendo da intencionalidade das propostas de atividade.
Que tal criar seu material?
Para
iniciar o uso dos Blocos Lógicos, faço algumas perguntas:
- Que cor é essa?
- Quantas peças azuis têm?
- Qual é esta forma?
- Quantos triângulos têm?
- Qual é o quadrado maior?
- Qual é o círculo mais fino?
- Separa pra mim todos os retângulos?
Etc.
Depois, deixo explorar livremente
os blocos por um tempo e, então proponho algumas atividades de criação: “Vamos criar um boneco?” “Vamos criar um
carrinho?”
LIVRE CRIAÇÃO
O
primeiro passo é promover o reconhecimento do material. Com cartolina
ou outro material semelhante, prepare pranchas com desenhos feitos nas
formas dos blocos lógicos uma casinha formada de um retângulo e um
triângulo, por exemplo. Em seguida, os alunos reproduzem a figura
utilizando as peças. Para isso, vão observar e comparar as cores, os
tamanhos e as formas que se encaixam.
O trabalho em grupo enriquece a
atividade, pois as crianças certamente vão discordar entre si. O
diálogo contribuirá para o conhecimento físico de cada bloco. Depois de
completar alguns desenhos, os próprios alunos criam novas figuras.
A HISTÓRIA DO PIRATA
Agora,
conte a seguinte história: "Era uma vez um pirata que adorava tesouros.
Havia no porão de seu navio um baú carregado de pedras preciosas. Nesse
porão, ninguém entrava. Somente o pirata tinha a chave. Mas sua
felicidade durou pouco. Numa das viagens, uma tempestade virou seu barco
e obrigou todos os marinheiros a se refugiarem numa ilha. Furioso, o
pirata ordenou que eles voltassem a nado para resgatar o tesouro. Mas,
quando retornaram, os marujos disseram que o baú havia sumido. 'Um de
vocês pegou', esbravejou o pirata desconfiado." Nesse ponto, começa o
jogo com as crianças. Peça que cada uma escolha um bloco lógico. Ao
observar as peças sorteadas, escolha uma delas sem comunicar às crianças
qual é. Ela será a chave para descobrir o "marujo" que está com o
tesouro. Apresente então um quadro com três colunas (veja abaixo).
Supondo que a peça escolhida seja um triângulo pequeno, azul e grosso,
você diz: "Quem pegou o tesouro tem a peça azul". Pedindo a ajuda das
crianças, preencha os atributos no quadro. Em seguida, dê outra dica:
"Quem pegou o tesouro tem a forma triangular". Siga até chegar ao
marinheiro que esconde o tesouro. A atividade estimula mais que a
comparação visual. Também exercita a comparação entre o atributo, agora
imaginado pela criança, e a peça que a criança tem na mão. A negação
(segunda coluna do quadro) leva à classificação e ajuda a compreender,
por exemplo, que um número pertence a um e não a outro conjunto
numérico.
EMPILHANDO PEÇAS
Peças do material espalhadas pela mesa (ou pelo chão). Cada aluno
deverá pegar uma peça e colocar no centro do grupo, de modo que as peças
serão empilhadas uma a uma. O aluno deverá fazer de tudo para a “torre”
não cair. Para isso os alunos terão que pensar nas peças mais adequadas
para a base, meio ou topo da torre deixando as “piores” para o
companheiro seguinte. Nesta atividade os alunos desenvolverão a
capacidade de discernimento, raciocínio lógico e motricidade.
Trenzinho feito com círculos, quadrados e retângulos: formas livres no primeiro contato das crianças com as peças dos blocos lógicos
JOGO DA CLASSIFICAÇÃO
Apresentar um quadro às crianças para que classifiquem os blocos.
Criar junto com os alunos os atributos que serão dados para os tipos de blocos existentes.
Exemplos:
a) as quatro formas: círculo, quadrado, retângulo e triângulo
b) as duas espessuras: grosso e fino
c) os dois tamanhos: pequeno e grande
d) as cores: amarelo, azul e vermelho
Fazer em cartolina um quadro. Escolher alguns atributos e pedir aos
alunos que separem os blocos de acordo com os atributos escolhidos.
Primeiramente, escolher apenas um atributo (quadrada).
Exemplo: separar apenas as peças quadradas.
Depois, ir acrescentando atributos (vermelha, fina, pequena).
Os alunos irão completar o quadro com a peça quadrada, pequena, fina e vermelha.
O JOGO DAS DIFERENÇAS
Neste jogo os alunos observarão três peças sobre o quadro.
Exemplo:
1- triângulo, amarelo, grosso e grande;
2- quadrado, amarelo, grosso e grande;
3- retângulo, amarelo, grosso e grande;
Eles deverão escolher a quarta peça (círculo, amarelo, grosso e grande)
observando que, entre ela e sua vizinha, deverá haver o mesmo número de
diferenças existente entre as outras duas peças do quadro (a diferença
na forma).
As peças
serão colocadas pela professora de forma que, em primeiro lugar, haja
apenas uma diferença. Depois duas, três e, por fim, quatro diferenças
entre as peças. Os alunos farão comparações cada vez mais rápidas quando
estiverem pensando na peça que se encaixe em todas as condições.
SIGA OS COMANDOS
As
crianças vão transformar uma peça em outra seguindo uma seqüência de
comandos estabelecida pelo professor. Esses comandos são indicados numa
linha por setas combinadas com atributos. No exemplo da foto, vemos uma
seqüência iniciada com os atributos círculo, azul e grosso. As crianças
então escolhem a peça correspondente. O comando seguinte é mudar para a
cor vermelha. As crianças selecionam um círculo grosso e vermelho. Em
seguida, devem mudar para a espessura fina. Então, um círculo vermelho e
fino é selecionado. Assim por diante, o professor pode continuar
acrescentando comandos ou pode apresentar uma seqüência pronta. Depois é
feito o processo inverso.
As
crianças são então apresentadas a uma nova seqüência de comandos, já
com a última peça. Elas deverão reverter os comandos para chegar à peça
de partida. A atividade é essencial para o entendimento das operações
aritméticas, principalmente a soma como inverso da subtração e a
multiplicação como inverso da divisão. E também contribui, no futuro,
para que as crianças resolvam problemas e entendam demonstrações,
atividades que exigem uma forma de raciocínio em etapas seqüenciais.
DOMINÓ
Essa
atividade é semelhante ao jogo de dominó. As peças serão distribuídas
entre os alunos sendo que uma delas será escolhida pelo professor para
ser a peça inicial do jogo. O professor estabelece o nível de
dificuldade da atividade estipulando o número de diferenças que deve
haver entre as peças. Supondo que deva haver uma diferença entre as
peças e que a peça inicial seja um triângulo vermelho pequeno e grosso. A
peça seguinte deverá conter apenas uma diferença, como por exemplo, um
triângulo amarelo pequeno e grosso (a diferença nesse caso é a cor). A
atividade segue até que uma das crianças termine suas peças. As demais
deverão sempre conferir se a peça colocada pelo colega “serve”, ou seja,
se contém o número de diferenças estipulado pela professora.
OBSERVAÇÃO:
Esse material é muito utilizado no trabalho com conjuntos
(notações, relação de pertinência, relação de inclusão, união e
intersecção de conjuntos). As diferenças existentes entre as peças são
utilizadas nessas construções e as atividades realizadas anteriormente
são maneiras de internalizar estes conceitos.
Após a realização dessas atividades, outras podem ser realizadas.
CONJUNTO DAS PARTES
Para
essa atividade são necessários quatro dados: um com o desenho dos
blocos em cada face (triângulo, quadrado, círculo e retângulo), outro
com as faces coloridas (azul, amarelo e vermelho), outro com a grandeza
(grande e pequeno) e outro com a espessura (grosso e fino).
Uma criança lança o primeiro dado e retira do conjunto de blocos as
peças que satisfazem a característica da face superior. Lança o segundo
dado e retira do subconjunto obtido as peças que satisfazem a
característica da face superior. Lança o terceiro dado e retira do
último subconjunto obtido as peças que satisfazem a característica
indicada no dado. Lança o quarto dado e retira a peça que satisfaz a
última condição, chegando, assim, a um conjunto unitário.
Variação:
Se em vez de utilizarmos todas as peças da caixa escolhermos algumas
peças aleatórias. Poderemos chegar à noção do conjunto vazio usando o
mesmo procedimento.
DESCOBRINDO A INTERSECÇÃO E A UNIÃO
Entrega de dois pedaços de cordão para cada grupo para a formação de dois conjuntos. O professor solicita aos grupos que:
- retiram da caixa todas as peças triangulares e todas as peças amarelas.
- coloquem no interior de uma das curvas todas as peças amarelas e, a seguir, na outra, todas as triangulares.
O professor deverá observar se os grupos atenderam corretamente as ordens dadas e solicitar aos grupos um relato do ocorrido.
***Os alunos perceberão, sem a interferência do professor, que existem
peças que devem estar, simultaneamente, no interior das duas curvas.
Notarão que para isto ser possível, as curvas não poderão estar
separadas. Isto é, existe uma região comum entre eles onde as peças que
possuem as duas características, triangulares e amarelas, ficam
localizadas (0 professor deve enfatizar este fato).
A partir da descoberta dos alunos, o professor salientará que as curvas
representam conjuntos e que a região comum entre ambas forma o conjunto intersecção.
Da mesma forma, se o professor pedir para que construam um conjunto
formado por todas as peças amarelas ou triangulares, teremos a definição
de união de conjuntos.
Variação:
Usando três cordões, o professor poderá solicitar que no interior de cada curva coloquem, sucessivamente (por exemplo):
- todas as peças circulares;
- todas as peças azuis;
- todas as peças pequenas
e verificar a intersecção entre eles.
***Quando não existir a intersecção eles serão conjuntos disjuntos.
BIBLIOGRAFIA:
COSTA, Maria da Piedade Resende da. Matemática para deficientes mentais. São Paulo: EDICON, 1997. (Coleção Acadêmica. Série Comunicação)
FALZETTA, Ricardo. Construa a lógica, bloco a bloco. In: Nova Escola, 111 ed., abr 1998, p.20-23.
FERRARI, Márcio. A criança como protagonista. In: Nova Escola, 164 ed., ago 2003, p.32-34.
PACHECO, Alice Teresinha. Material Dourado; Blocos Multibásicos. In: Educação Matemática em Revista, 4 ed., 2002, p. 51-56.
QUAL É A PEÇA?
Para
descobrir, as crianças entram numa competição. Você deve dividir a
turma em grupos e distribuir um conjunto de atributos para cada um
contendo as características de uma peça (por exemplo: amarelo,
triângulo, grande e fino). Em seguida, o grupo tem que selecionar a peça
correspondente e apresentá-la às outras equipes. A competição pode
girar em torno de qual grupo encontra a peça correta em menos tempo ou
de qual grupo encontra mais peças corretas. À medida que acertam,
recebem uma pontuação. Outra opção é cada equipe desafiar os outros
grupos da classe distribuindo eles mesmos os atributos. Nesse jogo, as
propriedades dos blocos são apresentadas de forma separada. O raciocínio
lógico estará voltado para a composição e a decomposição das
características de cada peça. Antes de escolher a peça correta, a
criança terá de imaginá-la com todas as suas características. Esse é o
mesmo processo pelo qual as crianças passarão quando estiverem formando o
conceito de número. Conforme evoluírem, saberão que o número 4, por
exemplo, é par, maior que 3 e menor que 5, sem precisar usar materiais
concretos para isso. Nessa fase, entendem também que é importante saber
os nomes corretos de cada característica. Não pode haver dúvida entre o
que é amarelo e o que é vermelho, por exemplo. Mais adiante, também não
poderão vacilar entre o que seja um quadrado e um pentágono, um número
inteiro e um fracionário.